A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma história de Vicente - 15

...e naquele ritmo, Vicente já não sabia para onde ia. Desde que saiu de casa com a necessidade de poesia, nunca mais voltou. Assim sendo, perdera o endereço de si mesmo.

Reparava na geometria de uma cidade da qual nunca fez parte.

Quebraram seu silêncio com o mar. Da beira via, do outro lado da baia, uma série de casebres amontoados nas pedras. Para cada casa, mais de um barco. Parecia um coral na superfície do mar.

O dia começava para os pescadores e a vida recomeçava para Vicente.

Havia um tempo que ele não entrava no mar. Não se sentia no direito de corromper aquela beleza. O sal parecia-lhe uma punição.