A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma História de Vicente 16.1

..e foi nesse momento em que o pêndulo da vida de Vicente começava a voltar para a realidade. Meio termo entre os dois mundos. Saiu do transe em que o mar e os barcos lhe mergulharam.

Este entre-momentos potencializa as experiências e nos faz crescer/entender certas naturezas. É quando a arte se faz potente: entre a inspiração e a criação. Motivação. Para quem consome é o onde a obra se faz presente e você se reconhece nela. No instante em que a pedra nem sobe e nem desce. Intervalo.

Para Vicente esse espaço de trabalho era: virar as costas para o mar.

Na ponta do cais viu um buteco, com pôsteres do Botafogo e um relógio com o sagrado coração de Jesus. Entrou ainda sem passar para a realidade. Pediu um café.

- Ainda surpreso não é? – veio uma voz grave da outra extremidade do balcão

- Ainda - respondeu Vicente.

Começou a conversar com aquele homem de barbas grisalhas, simpático e amargo na mesma medida. Descobriu, ali, o amigo Albuquerque. De coração, precisava de algo novo pra acalmar.

Albuquerque orgulhava-se de ser funcionário público, poeta e mineiro, igual a Drummond.

E Vicente, orgulhava-se de ter encontrado uma amizade, em um dos tão esperados intervalos.


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