..e foi nesse momento em que o pêndulo da vida de Vicente começava a voltar para a realidade. Meio termo entre os dois mundos. Saiu do transe em que o mar e os barcos lhe mergulharam.
Este entre-momentos potencializa as experiências e nos faz crescer/entender certas naturezas. É quando a arte se faz potente: entre a inspiração e a criação. Motivação. Para quem consome é o onde a obra se faz presente e você se reconhece nela. No instante em que a pedra nem sobe e nem desce. Intervalo.
Para Vicente esse espaço de trabalho era: virar as costas para o mar.
Na ponta do cais viu um buteco, com pôsteres do Botafogo e um relógio com o sagrado coração de Jesus. Entrou ainda sem passar para a realidade. Pediu um café.
- Ainda surpreso não é? – veio uma voz grave da outra extremidade do balcão
- Ainda - respondeu Vicente.
Começou a conversar com aquele homem de barbas grisalhas, simpático e amargo na mesma medida. Descobriu, ali, o amigo Albuquerque. De coração, precisava de algo novo pra acalmar.
Albuquerque orgulhava-se de ser funcionário público, poeta e mineiro, igual a Drummond.
E Vicente, orgulhava-se de ter encontrado uma amizade, em um dos tão esperados intervalos.
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