Albuquerque gostava de pão de queijo, mas sempre pedia "um pão na chapa, sem amassar e uma média clarinha", para o café da manhã. Não gostava de acordar cedo, mas não conseguia dormir até tarde. Quando completou quarenta anos, sentiu que havia em suas costas muitas horas de sono negadas pela falta de cortina ou simplesmente porque seu corpo as furtou, biologicamente.
Embora fosse funcionário público, seu lirismo era farto e beirava a imensidão do atlântico, metafórica e geograficamente, de uns anos pra cá. Em verdade, chegava a se irritar quando viam antagonismo entre sua profissão e sua profissão. Poeta funcionário público ou funcionário público poeta: funcionário poeta público.
Sobre o funcionalismo público, Albuquerque dizia que é preciso ser nobre para ocupar um cargo nobre e que “funcionário público que não trabalha é igual policial corrupto”. Do carimbador do protocolo geral ao diplomata da carreira mais louvável, ele acreditava que o funcionário público era o elo entre a sociedade e o Estado, que deveria designar deveres e assegurar os direitos dos seus cidadãos, de forma justa. Isso não era trivial.
Estranho, mas Albuquerque já nascera com uma biografia maior que a de Vicente...
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