A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Uma história de Vicente - 19

Como era de se esperar, mesmo modificado, Sr. Vicente saiu às 07:30.
Pediu o mesmo favor ao porteiro:
- Caso passe alguém me procurando, anote o nome e o número, por favor?
Dessa vez não era só para ter para quem ligar ao final do dia. Sentia a mesma necessidade da rotina. Sabia que agora teria que arrumar motivos para se apegar ao cotidiano novamente.
Seu corpo chegou ao jornal e sua mente/espírito chegou um pouco atrasado. O café já estava até frio, mas sabia que poderia contar com a cafeína. Nas pautas o de costume: crime, religião, crime ligado à religião e, para sua surpresa, uma notinha sobre a volta do goleiro titular do Vasco, recém saído de uma contusão. Mas as surpresas pararam por ai.
Vicente teria que parar o dia no grito, ou nunca mais voltaria para receber os recados do porteiro.

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