O processo de criação para Vicente era como uma moldura vazada pela qual ele enquadrava o cotidiano. Nunca fez do amor sua profissão, mas o ofício de escrever o obrigava a olhar para a poesia da vida com olhares técnicos. Mentira, isso era apenas o que constava nos dizeres de seu juramento como jornalista. Durante todos os anos de sua vida profissional ele deu graças a Deus (sim, ele acreditava em Deus) por conseguir dar vazão ao que sentia quando via a beleza que o dia-a-dia lhe mostrava. Conseguiu materializar esse sentimento numa coluna para o jornal local durante vários carnavais (inclusive na própria quarta-feira de cinzas, quando discorria sobre os pierots e colombinas do passado). Tudo bem que nem sempre era tudo bem, mas, a cada banho tomado com o sabonete que lhe fazia lembrar a infância, Vicente sorria e queria ir logo passar o café, que já estava fervendo...
CONTINUA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário