A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Uma história de Vicente - 7.1

O processo de criação para Vicente era como uma moldura vazada pela qual ele enquadrava o cotidiano. Nunca fez do amor sua profissão, mas o ofício de escrever o obrigava a olhar para a poesia da vida com olhares técnicos. Mentira, isso era apenas o que constava nos dizeres de seu juramento como jornalista. Durante todos os anos de sua vida profissional ele deu graças a Deus (sim, ele acreditava em Deus) por conseguir dar vazão ao que sentia quando via a beleza que o dia-a-dia lhe mostrava. Conseguiu materializar esse sentimento numa coluna para o jornal local durante vários carnavais (inclusive na própria quarta-feira de cinzas, quando discorria sobre os pierots e colombinas do passado). Tudo bem que nem sempre era tudo bem, mas, a cada banho tomado com o sabonete que lhe fazia lembrar a infância, Vicente sorria e queria ir logo passar o café, que já estava fervendo...

CONTINUA...

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