A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma História de Vicente - 9

Era o segundo pão com manteiga da manhã. O primeiro foi em casa e agora na padaria:

-... e um pingado por favor.

Vicente não gostava muito dali, mas era perto de casa. Pensou bem, ouvindo a conversa da atendente com um rapaz. Ela reclamava da vida, mas continuava parada atrás daquele balcão. Desse jeito ela assumia toda a culpa pela situação. Reclamar é fácil.

Ligou para a redação e pediu um tempo antes do almoço. Sim, porque não? Caixa, Obrigado, R$2,50, calçada, sinal vermelho, espera, carros, sinal verde, passos, moças, cachorro, prédio, porteiro, Voltei, Sr. Vicente, números dos andares, porta de casa, vista da janela, confuso, papel, caneta, café frio, O que? Jornal, escrever, felicidade, mar, morte, peixe, infância, infelicidade, surpresa, BARCO!

Um comentário:

  1. Bom demais de ler esses textos, heim? Eles tem textura, dá pra pegar as palavras! Parabéns Sr Vinícius. E viva o café sem açúcar. \o/

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