19:55, 31 de dezembro de 2010. Terminou de fechar a bolsa. Tomou o último gole do suco que já estava quente. Levantou da mesa. Deu um tchau para a moça da faxina da redação e desejou um bom 2011. No elevador ouviu tocar “Mucuripe” cantada pelo Fagner. Gostou.
Lá em baixo parou para o último café. Sentou e pediu um carioca (expresso com mais água). Lendo o caderno dois do próprio jornal, tentou lembrar-se dos réveillons passados. Réveillons ou reveions? Não importava. O melhor deles foi o que passou com a irmã naquele posto de gasolina na entrada de São Thiago, em Minas Gerais. O ônibus que os levaria de Divinópolis para Juiz de Fora quebrou bem ali. Não viram fogos, só clarões. Não fizeram a contagem regressiva, mas regressaram, depois, felizes... Saudades da irmã.
Quando deu o primeiro gole sentiu que a xícara estava muito quente. Pra que eles deixam a xícara na água fervendo? Já vira algumas pessoas reclamando disso e pedindo uma fria. Não queria problema agora... Agora, era tarde demais pra 2010.
Do outro lado da rua viu um monumento em homenagem aos heróis da segunda guerra. “A Cobra Vai Fumar”. Não havia sentido naquele monumento, era feio, mas era bonito. Entendem? “Mais fácil cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. Dito e feito. Será que havia algum pracinha na pracinha. Já era tarde pra 2010.
Chegou no prédio e o porteiro de sempre já foi dizendo: - Tudo preparado seu Vicente!
Sim! Foi convidado pelos porteiros para a confraternização deles na passagem. Digno demais. O único que topou passar com eles também foi José Alexandre do escritório. O zelador tinha a chave do terraço e Vicente o champanhe.
José tocou a campainha às 23h30minh. Subiram de elevador até o 20 e depois numa pequena passagem no teto que estava aberta. Todos estavam lá em cima como reis. Donos do mundo. De alguma forma aquele 2010/2011 lembrava muito o 2003/2004 com a irmã no posto de São Thiago. Simples e eficiente. Todos se abraçaram. Lá de cima via-se o mar.
Dessa vez veria os fogos.
5...4...3...2...1...