A luz das 16:30

Quando, aos meus seis anos de idade, uma professora pediu à nossa turma para desenhar o que mais gostávamos de fazer, não pensei duas vezes: desenhei o corredor do meu prédio onde brincava com meus amigos. Na hora não soube dizer por que. Não era pelo lazer, pela brincadeira em si, pela distração ou por acaso, mas me lembro de justificar dizendo que o Sol entrava pela janela e coloria o corredor. Eu falava com a professora: “sabe, quando o sol entra e você fica no cantinho, brincando?”.

Um momento que me confortava. Não existia desenho ou palavras que traduzissem aquele sentimento. O lápis de cera laranja não era suficiente. E ainda não foi!

Vinícius Steinbach

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Uma história de Vicente - 2

O mundo de Vicente era enorme. Apesar de alguns o encararem como um recluso, sua cabeça, amigos e até amores eram maiores do que se via. De qualquer forma, ele mantinha essa distancia para que continuassem a pensar assim cada parte de seu mundo. Não misturava o futebol com a arte, apesar de admirar o futebol arte. Não dormia até tarde, apesar de dormir tarde.

Tinha, cá pra mim, que agora sim ele vivia, enfim, um grande amor. E não era mentira. Mas é assunto para depois.

Começou então procurando um lugar para morar. Casa? Era o que queria, mas naquela cidade, talvez fosse difícil, tendo em vista seu salário. Sim, aceito um apartamento (como se tivesse escolha o rapaz!). Mas tem que ter revestimento de madeira na parede e dois quartos. Fora a sala e a dependência de empregada. Banheiro pode ser um só. Coitado, se achando no direito de escolher. Na verdade ele inventava o direito de escolher, afinal precisamos de caprichos na vida. Se não fosse isso, qual a graça de seguir os conformes. O lado ruim é que essas estimas que criamos nos frustram. As que temos por direito só nos fazem bem porque, caso não alcançadas, dormimos com o sentimento de que fomos injustiçados ou não nos corresponderam. Bater sol é imprescindível. Tudo bem Vicente, o sol é realmente imprescindível.

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