O mundo de Vicente era enorme. Apesar de alguns o encararem como um recluso, sua cabeça, amigos e até amores eram maiores do que se via. De qualquer forma, ele mantinha essa distancia para que continuassem a pensar assim cada parte de seu mundo. Não misturava o futebol com a arte, apesar de admirar o futebol arte. Não dormia até tarde, apesar de dormir tarde.
Tinha, cá pra mim, que agora sim ele vivia, enfim, um grande amor. E não era mentira. Mas é assunto para depois.
Começou então procurando um lugar para morar. Casa? Era o que queria, mas naquela cidade, talvez fosse difícil, tendo em vista seu salário. Sim, aceito um apartamento (como se tivesse escolha o rapaz!). Mas tem que ter revestimento de madeira na parede e dois quartos. Fora a sala e a dependência de empregada. Banheiro pode ser um só. Coitado, se achando no direito de escolher. Na verdade ele inventava o direito de escolher, afinal precisamos de caprichos na vida. Se não fosse isso, qual a graça de seguir os conformes. O lado ruim é que essas estimas que criamos nos frustram. As que temos por direito só nos fazem bem porque, caso não alcançadas, dormimos com o sentimento de que fomos injustiçados ou não nos corresponderam. Bater sol é imprescindível. Tudo bem Vicente, o sol é realmente imprescindível.
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